sábado, 19 de novembro de 2011

A carta

Tom, meu querido.
Tenho muitas coisas para lhe contar, mas acredito eu que certas coisas devera ser dita sem pressa, assim como me encontro no momento escrevendo-lhe esta, nessa madrugada fria, sentada em minha cama, apoiando meu papel em uma prancheta, enquanto calmamente trago o meu quarto cigarro a sentir o vento que pela janela entra e bate friamente em meu rosto. Ouço as folhas caírem lá fora e é como se você estivesse chegando com seus passos lentos.
Ainda me lembro de quando nos despedimos naquela noite, a quatro anos atrás, você me dissera que voltaria, que jamais me deixara sozinha. Mas os anos estão a se passar e onde está você agora, que nem um cartão-postal eis de me enviar, meu querido?
Eu costumava rezar todas as noites por você, eu pedia a Deus que lhe trouxesse de volta pra mim. A sua poltrona ainda continua no mesmo lugar, com a mesma mancha de café feita por você naquela manhã de domingo enquanto lia seu jornal, ninguém nunca ousara de sentar nela. Sua adega ainda contém os mesmos vinhos, provavelmente devam estar excelentes. Até mesmo a sua bicicleta velha continua jogada no jardim, daquela mesma forma que havia deixado assim que chegamos do nosso ultimo passeio no parque.
Hoje, depois de tantas noites vazias e solitárias, decidi que não devo esperar mais e resolvi escrever-lhe esta cancelando o nosso encontro.
Mas, espere!
Devo contar-lhe outra coisa que tu não souberas. Eu adorava aquele primeiro sorriso que você me dava logo de manhã enquanto abria nossa janela de madeira velha e barulhenta. O sol iluminava o seu rosto. 

...As manhãs têm sido nebulosas. 
 Renata Cruz

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