domingo, 4 de dezembro de 2011

Crua

Amanheci áspera.
O café está muito quente, me queima toda vez o tomo, mas não me importo. Queima minha língua. Vai queimando. 
Queima tudo o que há dentro de mim, todos os vestígios de fragilidades que restavam. Vestígios, somente.
Queima a doce menina, fazendo com que surja uma mulher. Eis que surge uma mulher! Fragmentada pelos desenlaces da vida. 
Não temo  as chuvas tempestivas, nem mesmo as grandes ventanias. Pois aprendi com Clarice, que dizia que sua força está na solidão. 
Respiro, calmamente. É assim que entra e sai o ar dos meu pulmões. É areento. Fazendo com que eu me queime mais com meu café, destruindo todo o resto. 
Aprendi que nesta vida o que nos resta queima. 
Renata Cruz

3 comentários:

  1. tens realmente um jeito lispector de escrever..enbora nao goste muito dela rs..seu blog é muito bom..adorei os textos..nao li todos mas li mais doq costumo ler dos outros blogs rs. parabens..se publicar um livro um dia manda um p mim \o/, e obg epla visita no moinhos de vento^^.

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  2. Obrigada!
    Publicar um livro? hehehe. Acho que não, escrevo só pra passar o tempo.

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  3. sim claro..e o tempo passa enquanto escreves..ora bolas um livreto apenas..sonhe um pouco ^^.
    kero ter um livro, nao p ficar rico ou publicar milhoes..mas so pra tê-lo em minha estante e dizer pra alguém "eu escrevi isso".

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